Rio+20: resultados insatisfatórios e desafios para o futuro
Por Mônica Pilz Borba, coordenadora do Instituto 5 Elementos – Educação para a Sustentabilidade.
O DIREITO a justiça social, economia solidária, água potável, solo vivo, energia limpa, alimento saudável, florestas nativas e respeito a todas as formas de vida são os princípios dos documentos da Carta da Terra e do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e de Responsabilidade Global, que orientam a existência da VIDA HUMANA NA TERRA. Para promover o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, os governos e empresas têm o DEVER de garantir as premissas básicas para manter a vida em nosso PLANETA LIMITADO. Porém, não há uma visão dos tomadores de decisão em relação a estas premissas, e o ÓBVIO não foi garantido para as atuais e futuras gerações nesta conferência.
A sociedade civil participou mais efetivamente da Rio+20 por meio dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, ocorridos entre os dias 16 e 19 de junho no Riocentro, com dez rodadas de discussão que abordaram temas prioritários da agenda internacional de sustentabilidade. As trinta sugestões mais votadas foram levadas diretamente aos chefes de estado e de governo presentes, mas o resultado foi muito abaixo das demandas e reais necessidades.
Os acordos entre governos e empresas ficaram muito distantes das expectativas da sociedade civil. Por exemplo, a Coca-Cola Brasil tem o projeto Água Limpa, cujo objetivo é que os 18 fabricantes do grupo atinjam melhores índices de aproveitamento da água na sua produção. É incrível que, em pleno século XXI, uma corporação deste porte ainda esteja nesta etapa primária de atitude em relação ao uso sustentável da ÁGUA.
Acredito que as empresas produtoras de alimentos e bebidas deveriam tornar seus processos ecoeficientes e se reposicionar no mercado, com produtos saudáveis para os seres humanos, principalmente para às crianças. Deixar de produzir doces refrigerantes, sucos artificiais e alimentos gordurosos é a atitude mais responsável, afinal eles são os grandes vilões da obesidade, diabetes e hipertensão no mundo.
Muitos entendem que esta opinião é muito radical e ousada, mas como podemos aceitar que estas indústrias continuem a vender produtos com conservantes, nos causando tantas doenças e ainda se autointitulem sustentáveis?
Pensar, falar e agir para a SUSTENTABILIDADE exige muita ética e coerência. E os resultados da RIO+20 nos mostram que nossos líderes infelizmente não tem em seu DNA estas características. Sendo assim, é necessário fomentar uma nova cultura educacional que se dedique a promover a VIDA HUMANA, respeitando os limites do planeta Terra.
Os investimentos para o desenvolvimento sustentável pós-Rio+20 não devem focar apenas nas tecnologias, mas sim em EDUCAÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE, visando ampliar a nossa consciência crítica, modificando nossos pensamentos, falas e atitudes para que não haja necessidade de realizar a Rio+40.