Você sabe o que é o Earth Overshoot Day – Dia da Sobrecarga da Terra?
Você sabe o que é o Earth Overshoot Day – Dia da Sobrecarga da Terra?
*Mônica Pilz Borba
O dia de Sobrecarga da Terra é a data em que a população mundial terá utilizado o “orçamento ambiental” que o planeta Terra produziu para todo o ano.Em 2019, o Dia de Sobrecarga da Terra (“Earth Overshoot Day”) ocorreu em 29 de julho. Isso significa que em apenas sete meses consumimos tudo o que o Planeta consegue repor em um ano, seis dias antes em relação a 2018.
O cálculo do gasto de recursos ambientais pelos seres humanos é feito, ano a ano, pela organização internacional Global Footprint Network, que estima tempo e prazo para que a Natureza consiga repor tudo o que foi gasto. Em 2019, a data foi a mais precoce desde que o mundo estourou seu orçamento ambiental pela primeira vez no início da década de 1970, ou seja, no momento, a humanidade está esgotando a Natureza 1,75 vez mais rápido do que os ecossistemas conseguem se regenerar.
Para se ter ideia, em 1977 o Dia de Sobrecarga da Terra foi em 17 de novembro, ou seja, em apenas 40 anos superamos o uso dos recursos disponíveis para o ano em quase três meses. Os custos desse excesso global de gastos ecológicos estão se tornando cada vez mais evidentes em todo o mundo, em razão, por exemplo, dos desmatamentos, das secas, da escassez de água potável, da erosão do solo, da perda de biodiversidade e do acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera.
No Brasil essa situação pode piorar com a possibilidade de extinção do Fundo Amazônia, o maior projeto de cooperação internacional para preservação das florestas.Mas existem muitas ações em nosso dia a dia para reduzir o consumo excessivo dos recursos naturais renováveis e respeitar os limites de renovação do orçamento ambiental da Terra.
Nas cidades temos de ampliar as áreas verdes, participar ativamente da coleta seletiva, reduzir o consumo de água, armazenando água de chuva e limpando esgoto transformando-o em energia, incentivar modelo de consumo responsável e frugal, combater o consumismo, impedir a produção de produtos descartáveis, utilizar transporte público e ciclovias, para começar a reduzir nosso consumo excessivo.
No setor energético é necessário fortalecer a transição entre energia produzida de recursos não renováveis: petróleo e carvão por eólica e solar. Os governos devem desenvolver programas de incentivo fiscal para essas mudanças. Imagine se todos os banhos realizados no Brasil por 209,3 milhões de pessoas por dia utilizassem água quente, aquecida pelo sol. O quanto estaríamos economizando de energia elétrica, e dessa forma não iríamos precisar de novas hidroelétricas, que ao serem construídas produzem um enorme impacto na região onde são introduzidas, além dos impactos sociais e econômicos.
Na área de alimentação, sabemos que no Brasil cerca de 80% dos alimentos consumidos pela população são produzidos pela agricultura familiar. Os sistemas agroflorestal e orgânico são métodos produtivos, que atuam a favor da natureza, melhorando a qualidade do solo e não poluindo água, ar e solo, sendo as formas sustentáveis de produzir alimentos saudáveis livre de agrotóxicos. E se o governo incentivar esses modelos de produção no país? Será que poderíamos alterar o quadro de desertificação e poluição com uso dos agrotóxicos que estamos vivendo no Brasil?
E proteger áreas de conservação e ampliar as florestas em todos os biomas brasileiros também é uma ação importante, que deve ter continuidade e ser mantida por meio de programas como o Fundo Amazônia e outros projetos de recuperação de áreas degradadas por todo o país.
Para pegar essa trilha da sustentabilidade, ainda é necessário ampliar a consciência socioambiental das lideranças governamentais e empresariais e da população, para caminhar com foco na construção de uma sociedade com práticas de sustentabilidade em seu cotidiano.
*Mônica Pilz Borba é Educadora Ambiental e fundadora do Instituto 5 Elementos.